Imaginem a cena: um médico, enfermeira, fisioterapeuta ou qualquer outro profissional de saúde, chega na unidade e começa a examinar/cuidar de um paciente. De repente, toca seu celular. Ele interrompe o que está fazendo e o atende. Muitos de vocês podem dizer que não fariam isso, mas às vezes é quase um ato reflexo atender a chamada de celular. Ou alternativamente, o profissional não atende, espera terminar o exame clínico, lava as mãos e atende o celular. Aparentemente, está mais certo. Mas depois ele digita algo nos computadores, pega no celular novamente, aperta as mãos de outro profissional que não teve o cuidado adequado na hora de lavar as mãos, atende outra ligação no celular, etc. Pois é, este pequeno artigo demonstra algo que já imaginávamos: os celulares podem estar contaminados com bactérias dos pacientes.
Os pesquisadores obtiveram swabs de celulares de 288 profissionais de saúde na UTI. Cerca de 44% teve cultura positiva para microorganismos potencialmente patogênicos: S aureus (33%), MRSA (7%), S epidermidis (23%), E coli (13%), Acinetobacter sp (9%), entre outros. Metade dos médicos e 42% dos enfermeiros com celulares pesquisados tinham celulares "colonizados". Apenas 13% disse que já tinha feito assepsia dos aparelhos alguma vez !
Embora os aparelhos celulares tenham trazido maior velocidade de comunicação, até em relação às notícias dos próprios pacientes, o seu uso constante em ambientes como a UTI, ou mesmo no hospital, pode ser vetor para transmissão de germes para infecção nosocomial.
Devemos lembrar de limpá-los periodicamente.
Fonte: Sadat-Ali M, Al-Omran AK, Azam Q, et al. "Bacterial flora on cell phones of health care providers in a teaching institution". Am J Infect Control 2010; 38:404-405.