domingo, 12 de agosto de 2018

Mais uma sessão aberta da LAEPS: é so aparecer!!!


Novidades no manejo da sepse: atualização 2018

Nossa, fiquei sumida por 04 meses...desculpem, mas após defender o doutorado minha vida ficou ainda mais corrida.

Mas estamos hoje retornando com as atividades normais do blog, postando eventos, compartilhando conhecimento, discutindo saúde. Hoje vamos falar sobre atualização sobre a sepse.

A Campanha de Sobrevivência à Sepse ou Surviving Sepsis Campaign(SSC) foi criada em 2002 com o objetivo inicial de reduzir a mortalidade da sepse em 25%. A publicação de suas diretrizes tem servido como guia para o manejo dos pacientes com sepse/choque séptico em todo o mundo e um novo “guideline” é geralmente publicado a cada quatro anos, sendo a última publicação em 2016 (já publicado aqui)

Frente ao achado de novas evidências e da evolução rápida do conhecimento na área, novas atualizações acontecem visando o melhor manejo dos pacientes.


Diante disto, recentemente foi proposta uma atualização. A mudança mais importante é que os “pacotes de 03 e 06 horas” foram combinados em um único “pacote de 01 hora” com o objetivo principal de iniciar a ressuscitação de forma imediata.
 

O racional está no fato de que sepse é uma emergência médica e, assim como no infarto agudo do miocárdio e acidente vascular isquêmico, a identificação precoce, o manejo imediato e de forma correta nas primeiras horas de sua identificação levariam a melhores desfechos clínicos.
O “tempo zero” é definido como:

- Hora da suspeita de sepse na triagem na sala de emergência ou
- Hora do primeiro registro gráfico de prontuário de disfunção orgânica no caso de pacientes encaminhados de outros locais de atendimento.

Pacote de 01 hora:

1.       Coletar o lactato. Nova coleta se o inicial for ≥ 2 mmol/l.

O lactato é um dos marcadores de hipoperfusão tecidual e caso o exame inicial estiver elevado (> 2 mmol /L), um novo deverá ser coletado no intervalo de duas a quatro horas, tendo como meta a sua normalização. 

2.       Coletar culturas antes do início do antibiótico.

A sensibilidade das culturas pode ser reduzida após poucos minutos da primeira dose do antimicrobiano, desta forma, idealmente, elas devem ser coletadas antes do início destes. Apesar desta evidência, sabe-se que administração de antibioticoterapia adequada não deve ser retardada para a obtenção das hemoculturas! Deve-se coletar pelo menos dois pares de hemoculturas (aeróbico e anaeróbico).

3.       Administrar antibióticos de largo espectro.

Terapia empírica de amplo espectro com um ou mais antimicrobianos intravenosos objetivando cobrir todos os patógenos prováveis deve ser iniciada imediatamente. Os antibióticos devem ser descalonados conforme o resultado de culturas e suspensos caso a possibilidade de infecção seja descartada.

4.       Iniciar rapidamente a administração de 30 ml/kg de cristaloides se hipoperfusão ou lactato 4 mmol/l.

A ressuscitação com pelo menos 30ml/kg de cristaloides intravenosos deve ser iniciada de forma precoce e é crucial para o manejo da hipoperfusão tecidual induzida pela sepse e do choque séptico. A expansão volêmica deve começar imediatamente após o reconhecimento da sepse e/ou hipotensão e hiperlactatemia, e concluída em até três horas do reconhecimento. A falta de evidências que comprovem a superioridade dos coloides em comparação aos cristaloides e o custo mais elevado da albumina fazem com que os cristaloides sejam os fluidos de escolha no manejo inicial. Expansões volêmicas adicionais deverão ser realizadas de forma criteriosa e apenas em pacientes fluido responsivos.

5.       Iniciar vasopressores caso o paciente se mantenha hipotenso durante ou após a expansão volêmica. Meta de pressão arterial média (PAM) ≥ 65 mmHg.

Restaurar a pressão de perfusão de órgãos vitais de forma adequada é parte fundamental da ressuscitação e não deve ser adiada. Caso a pressão arterial não for restaurada após a ressuscitação volêmica inicial, os vasopressores deverão ser iniciados ainda na primeira hora com meta de PAM ≥ 65 mmHg. 

Possivelmente haverá necessidade de mais de uma hora para que a reanimação dos pacientes com sepse/choque séptico seja concluída, mas o início da reanimação e tratamento devem ser iniciados imediatamente e o paciente deverá ser reavaliado frequentemente nas horas subsequentes.
Fonte: http://www.pacientegrave.com/