sábado, 16 de março de 2013

O coração das mulheres


Ninguém tem dúvida de que o espaço conquistado pelas mulheres no mercado de trabalho e em diversos segmentos da sociedade, que antes eram eminentemente masculinos, promoveu mudanças sociais significativas. Não há dúvidas também sobre o avanço econômico que isso representa. Porém, a inserção no mercado de trabalho, de certa forma, trouxe alguns prejuízos para a saúde das mulheres, que passaram a ter jornada dupla e, em alguns casos, tripla. 

Levantamento feito pelo Centro Check-up, unidade especializada do Centro de Medicina Nuclear da Guanabara (CMNG) no Rio de Janeiro, revelou que 80% das executivas cariocas são sedentárias, contra 72% dos executivos homens. Isto revela que a mulher está definitivamente inserida no mercado, em função da carga excessiva de trabalho e pelas funções que desempenha. Porém, mostra algo preocupante: elas repetem os erros deles e de forma mais intensa, o que pode causar sérios riscos à saúde cardiovascular. 

As atividades físicas regulares reduzem as chances de infarto e podem contribuir para o não aparecimento de problemas cardíacos, como hipertensão. Mas subir e descer escadas no trabalho, lavar roupa em casa, varrer a sala ou levar as crianças na escola não são considerados exercícios. É preciso separar um período do dia para atividades aeróbicas — como caminhada, corrida e natação — e anaeróbicas, como musculação, sempre depois de realizar um check-up recomendado pelo médico. É fundamental que as mulheres entendam que afazeres domésticos não substituem exercícios, ainda que elas se movimentem para executar as tarefas. 

A inserção no mercado de trabalho deu a oportunidade de a mulher ficar em pé de igualdade profissional com o homem. Todavia, a falta de cuidado com a saúde, prática tão comum entre eles, não deveria ser repetida pelas mulheres. A mudança social, para ser completa, deve incluir a preocupação com a saúde, e não apenas com aspectos trabalhistas. Somente quando as mulheres conquistarem qualidade de vida é que poderemos afirmar que houve vitória significativa no campo social. Por enquanto, basta saber que o sedentarismo pode colocar tudo a perder. 

Por Myriam Bueno, cardiologista do Centro de Medicina Nuclear da Guanabara 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreve aí...